sábado, 30 de abril de 2011

Dictum et Factum : A Língua Brasileira


Para que a chuva ouça a prece do nordeste,
Em oração de fé e pesar,
Para os Aurélios Alagoanos
E para todo o poeta que decidir amar...

Porque é ela que faz Lampião gritar
por Maria Bonita pra fazer café.
É só pela língua que se ouve Iara, a Mãe d'água
cantar,
e louvores a São João entoar!

Deixa que os velhos ensinem aos netos
em seus provérbios
que é melhor calar quando se quer falar,
Deixa que a capoeira abrasileire a lusoáfrica no cantar
E que Quaresma tupiguaranize conversas no ar!

Porque ainda que haja silêncio na floresta
do mico leão dourado, e que o boto adormeça,
haverá palpitações suas nos corações
dos filhos deste solo...

Que Mário de Andrade Sintaxe à vontade
para nos fazer lembrar que nossa Língua Brasileira
Não quer estar deitada sobre regras gramaticais,
mas quer sentida pelo amor dos modernistas,
que se renova dia após dia.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mar de Sereia



"Ponta de Lápis, escrevo o amor à vista (...)"

Meu amor pertence a uma Sereia que tem canto
de mulher rendeira e não espera pelo sol
pra desfilar uma jangada.

A Minha Sereia arruma seus cabelos
quando o vento vem saudar os coqueirais,
é ela quem faz
o sol pousar um beijo
nos seus olhos verdes todos os dias, fielmente.

A minha sereia também mora em águas doces,
entrega a sua força aos que adentram
na Mundaú no escuro da noite.

Mas é no mar que um assovio
misturado de sal, sol e areia clara
Faz dormir seus amantes sob a maresia.

Porque a minha sereia é rainha da noite tanto quanto é do dia.