domingo, 23 de maio de 2010

Eros e Psique

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

Fernando Pessoa




(Para minha querida amiga Beatrice)

sábado, 8 de maio de 2010

(...)



"Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico p. da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem." (Lya Luft)

Pois é! ouvi uma crítica pesada à escritoras e coincidentemente,dias depois, li esse trecho da Lya Luft que confesso que me deixou um pouco mais feminista. Leio e sou fã de muitos homens mas acabei de deixar José de Alencar na estante para ler Lispector. Por um tempo,só por egoísmo, por rebeldia, rs. Esse post não é de revolta até porque não me considero escritora, amadora talvez.

(O parágrafo significa 5 minutos pensando depois do último ponto)

Então... não sei nem porque escrevi isto mas...eis aí uma coisa que me faz rir.



sexta-feira, 7 de maio de 2010

Enjambements (Mayara M.)


E se eu viver um dia em
dois capítulos? Ou outros
capítulos mais, ainda?
Ninguém precisaria
entendê-los desde que eu o
fizesse como ninguém.