quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Carta a Vinícius de Moraes


Querido Poetinha,
Digo-vos que sou Uma Menina com Uma Flor,
caso queiras,
e posso também ser Chama, portanto
não podendo ser Imortal.
Mas prometo ser infinita enquanto dure.
A luz dos olhos olhos teus
faz com que eu deseje de tudo a ti ser
atenta
, meu amor.
Porque em meus gestos, existem os teus gestos
e em minha voz, a tua voz.

Posto que teus poemas
movem meu coração e concedem-me este ar.
Ar pois que te faltou na angústia de quem vive,
e que deixa-me a esperar-te na solidão de quem ama.
Estou agora a reclamar-te promessa mal cumprida.
Não te lembras que uma nuvem só acontece se chover?
Poderei eu, sozinha, fazer uma nuvem acontecer, Meu Poetinha?
Pois acontece que por ti, meus olhos já começaram a chover.
E sozinhos.
Mas eu sei que vou te amar, por toda a minha vida.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Quero


Cortarei pois estes trilhos
tal qual um cateto:
num pleonasmo proposital de perpendicularidade reta,
sem hesitações.

Quero ter um dejavù porque
outrora sonhei exatamente como seria o meu caminho,
e não porque sei que serão
apenas traços paralelos
até a minha estação final.

Quero bater as minhas asas freneticamente
sem sair do lugar,
quero ser beija-flor
E quando decidir voar para alguma direção,
o farei sem pisar nos retângulos frios de aço,
que repousam sobre as pedras
por mim vistas do alto.

Olhos enfadados num banco de estação
não verão minha vida passar por entre poucos vagões.
Tenho asas. Se quiserem, espectadores,
expectem para a minha vida nuvens e estrelas
porque, diante de tudo que quero,
quero mais ainda ser um motivo
pelo qual as pessoas olhem o céu.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Metamorfoses

Pessoas mudas numa dança.
Um,dois, passos para lá.
Um dos passos para cá.
Então já não te lembras
dos sorrisos da infância,
e então te embriagas num ritmo
surdo de mudança.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Nostalgia


Escolho abrir um livro de contos
ganhar um vestido de uma fada
e andar numa carruagem de abóbora.

Prefiro não crescer nunca,
embrenhar-me na floresta,
sentir o sabor
de uma casa de doces.

Quiçá não precise fechar os olhos para sonhar.
No entanto o meu verso anda perdido, caminha sem tino
numa rua onde o asfalto
rouba a casa de uma flor.

domingo, 28 de novembro de 2010

Artista

O vento que move meu barco quando sopra a minha vela
sou eu quem pinta na tela.
O vento que dorme num sopro e apaga minha vela,
Dança no meu papel sem dar-me uma trela.

As notas de muitas canções são misturadas
na minha paleta.
A ressaca dos mares me alegra, me faz sentinela
e salta para fora da minha cartola.

Não temo minhas mágicas, mesmo que exponham-me as entranhas.
Não param os meus poemas de saltar do peito à frequência
do meu coração.
Pois eis que com o sopro divino,
conheci a vida que existe nos detalhes
e amante sou da arte
como o orvalho é de uma flor.

sábado, 13 de novembro de 2010

Vontade

Hoje eu acordei irritada. Dei um dia livre pros versos e decidi escrever em prosa. Me vi num espelho que me chamou de adolescente mimada, me mostrou uma criança birrenta e me fez querer ser uma adulta séria. Mas meu espelho brigou com minha consciência e escolhi ficar do lado dela.
Dessa que prefere overdoses de risadas que me dá um barco ou duas asas se eu quiser andar. Uma consciência estúpida, racional e chorona. Que não precisa entender como características tão paradoxais são vizinhas num coração como o meu, porque já entende que um coração como o meu não está interessado em entender, ele quer sentir, apesar de tudo.

Li um texto de Lispector, quis correr e abraçar a liberdade, quis fazer o que me desse na telha. Tropecei. Isso é o que adolescentes normais e mimadas fazem. Minha consciência me sentou num canto e molhou-me as bochechas com duas lágrimas.

Quis bater o pé no chão, reclamar de tudo e fazer as coisas do meu jeito mesmo sabendo que no fim minhas bonecas acabariam despenteadas e com os vestidos desajeitados. Não consegui. Isso é o que crianças birrentas fazem. Minha consciência encheu meus pulmões de ar e me fez beber um gole de razão.

Desejei por fim crescer, ficar séria e me importar com dinheiro e com o futuro. Inútil, me peguei numa lembrança de algo não vivido que a minha consciência me mostrava num flash: não seria eu quem estaria vivendo, e sim um fantoche movido pelo que os outros esperam que eu seja.

Levantei do chão, enxuguei as bochechas e mesmo com o corpo tentando correr, chorar e mudar movido por umas saudades enormes... a minha consciência me parou.Sorriu e falou-me que "as minhas mãos não poderiam fazer mais nada". E apesar de não me aguentar de ansiedade e teimosia ocupei-me em ouvir a frase que me dizia logo após : "quando o amor chegar o tempo vai ter que se prostrar diante dele e sua única preocupação será sorrir. Espere pelo amor, ele fará suas vontades esvaziarem-se de egoísmo e trará um sorriso de paz e esperança, porque a vida, quando se ama, cresce sem que perceba, acha seus conflitos os mais lindos cantos entoados por anjos e seduz-se com sua pureza infantil."

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Espontaneidade

Saia do castelo de areia.
(Ao mínimo sopro do vento ele virá abaixo)
Corra pra perto do mar,
desafie-o mesmo que ele
insista em apagar as suas pegadas.
E sorria.

Sorria das impossibilidades, tenha fé.
Sorria das ondas que precisam machucar as
pedras para seguir seu caminho,
enquanto você sobe nessas mesmas pedras
pra ver um pôr-do-sol mais bonito.
Sorria sem se importar com hipóteses
de post mortem, faça dos seus instantes
o prêmio pela sua vida.

Não hesite em chorar, se isso valer a pena.
Não se prive de tomar um gole de sentimentos
irresistíveis.
Não resista à vida.
Trata-se de uma tela ansiosa pra ganhar cores,
Assuma-se um artista.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Velocino de ouro



A voz de Nefele ecoa nas nuvens
dizendo ao Carneiro alado
que salve as crianças daqueles ciúmes.

Castiga pois o rio que abraça a menina
pondo seu nome para que
nunca esqueça que suas águas
calaram-lhe a voz.

Testemunha logo após
o sacrifício do animal
e a lã a ser erguida
num carvalho.

Senta-se agora sobre as nuvens
e assiste à busca ofegante
daquele que deseja o trono e
traz a Morte como amante.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Anjo

"Acredita em anjo?"


O som de uma harpa acorda-me para alertar
que é preciso trazer à memória, a infância.
Pois um coração não pode ter medo,
nem esconder um segredo,
tem que ser tal qual o de uma criança
caso queira cuidar de algo valioso.

Pois acabaram-se os ciúmes das borboletas
quando descobri que tinha suas asas.
Findaram-se a inveja dos pássaros
quando a sua voz soou como uma canção aos meus ouvidos.
E as estrelas ficaram mais próximas
quando congelou um instante para escutar um desejo.

Bastaram poucas palavras para transpor meus limites
até o "para sempre" dos meus livros escritos por fadas,
e para cantar novamente canções de ninar esquecidas.
Algumas palavras apenas, escritas à pena,
e fiz com que pertencesse a você a responsabilidade
de me fazer voar,
Quer fosse num sonho
Quer fosse até alcançar minhas estrelas.


A quem me faz acreditar em anjos.

sábado, 30 de outubro de 2010

Eu, pronome


Sinto-me mesóclise presa ao futuro.
Pois me é abstrato e seduz-me com
incertezas,
Pois me é conhecido, de sonhos que
outrora sonhei.
Um presente do passado:
Lambe o dedo, vira a página
Bebe um gole das tuas palavras num canto em branco.
Conhece-te.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Por Pouco.

Um instante e a gravidade
não deixaria que a lágrima escapasse.
Um instate apenas, e Julieta
não clamaria uma gota de veneno.

A mínima angulação no relógio,
um acúleo vira espinho,
um nó prende-me a garganta
o peixe salta do aquário

Escolho as linhas tênues porque
são quem me surpreende.
Apesar de serem linhas tênues
as que me pregam peças de destino.

domingo, 17 de outubro de 2010

Perfume


Dedos do vento abrem
caminhos no meio dos cachos
para espalhar aos seus quatro braços
o segredo do fascínio.
Deitam-se as pálpebras,
Um dejavù denuncia o calafrio familiar
Sonho invertido, sensação de frio
Lembrança hostil e palpitação de desejo.
Porque o mistério desse cheiro
faz as minhas sinapses mais lentas,
O som mais baixo, os meus pés no céu
Até descobrir que estou sem asas.
Então há a prisão num frasco,
das suas flores e dos seus mares
para que vertidos em água,sintam-se lágrimas
e espalhem-se no ar do meu mundo.

É o mais sedutor frasco
na minha prateleira de venenos.

sábado, 16 de outubro de 2010

Vela


Castigo e Calor,
contra a sua vontade
as ondas caem na vertical
A gravidade machuca.

O choro queima as bochechas:
parafina quente.
Um suspiro na direção
da chama e enfim, liberdade.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Inspira Ação

Subitamente
Súbito à mente
As palavras correm
O rio esvazia-se.
A língua trava
A Língua cala.
É, acho que hoje não tem poesia.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Perdedora de Estrelas.


Escolheu navegar no mar escuro,
pontilhado de vaga-lumes fixos.
Dominou um Pégaso pra que pudesse alcançá-las
porque tinha o céu
como um espelho dos seus olhos.
(Infantil, dominador, escuro e brilhante.)

Queria que uma estrela tivesse o seu nome
E preparava armadilhas hostis para conseguir
seu feito.
Mas as estrelas eram suas filhas e fugiam
por entre os seus dedos.
Sentou-se na areia enfurecida e chorosa, e adormeceu.

Apenas quando cresceu,
um beijo veio lhe acordar.
Era uma onda de nostalgia que a fez despertar.
Era o capitão de um navio disposto a descobrir
uma estrela teimosa que a fizesse sorrir.
Mas o nome dela as estrelas não aceitavam ter
E o Navegante decidiu que não a veria mais reclamar

Distraiu os olhos da criança
com um novo desafio então :
agora ela teria que usar o seu Pégaso
pra gravar o próprio nome no coração
de quem já era o Seu Navegante.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Diário antigo


"Entre, linhas tênues."
Avisou-me a capa de um relicário
que continha as mais expressivas
palavras que outrora guardei.

Entre linhas tênues, caminhei.
Lembrei-me do que me provocava risos
e de quantas vezes já me assustei.
As superfícies agora se destacam,
inevitavelmente notei.

Entrelinhas tênues quebraram minhas máscaras,
converteram o meu rosto num paradoxo informal:
Lágrimas nos olhos e sorriso colorido
por ter agora descoberto que o som das palavras
acordara uma criança que há muito, havia adormecido.

sábado, 2 de outubro de 2010

Vertigem


A minha realidade
esvai-se sem me questionar
E ouço o silêncio que grita
Que sou quem não pode evitar.

Quisera poder segurar
resistir a um beijo do mar
mas aceito e pago o preço
do abstrato que sonho em tocar.

Perseguindo um coelho que seja,
gritando para que ele me veja
O destino vem me avisar
que sou quem não pode evitar.

A porta é menor que meu ego
Vermelho vem me desagradar
Chapéus me convidam pro chá
De uma luta que me obrigo a ganhar.

A hora me maltrata,
Preciso voltar.
Aceito a realidade de quem sonha,
sendo sempre quem não pode evitar.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Malveillance

Poesia- Mayara Melo-Malveillance

As botas da bucaneira
fizeram barulho quando ela entrou
na taberna.
Mas os olhos do marujo sequer
quiseram encontrar os dela.

Prendeu o gosto de pimenta
e o som de uma bossa francesa
em um instante
Bem na hora em que seu espelho
revelava que era amante.

Lançou pois uma moeda no ar
Pois decidira tentar a sorte.
Inútil, a mesma ladina só cria em
destino em caso de morte.
Tomou um gole de bebida forte.

Mordeu o lábio rubro, arqueou
a sobrancelha esquerda...
Decidiu que ela mesma
faria as coisas acontecerem.

sábado, 25 de setembro de 2010

Arestas



As arestas unem
duas faces,
como num beijo.
Marcam a intersecção
de dois planos,
como em uma vida.

E mesmo sendo responsáveis
por darem dimensões,
desconhecem a mais
importante dimensão de todas:

O Infinito.

Porque arestas gostam
de quando as coisas acabam,
Mas anéis,como as alianças,
por si só já falam,
Não podem existir arestas
onde você quiser que seja eterno.

Porque o segredo de quem
vive para sempre
é manter-se sempre
ao redor de quem se ama.
E as órbitas são circulares,
e sendo infinitas, não deixam
que existam arestas.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Commedia dell'Arte


Como consegues Colombina
manter-se a rir
sendo tão indecisa
entre Pierrot e Alerquim?

O teu triste devoto
chora onde quer que vá,
e deixa em seu rosto branco
uma lágrima negra a se destacar.

Mas preferes a cor que te faz feliz,
que te leva pra dançar
à pureza das roupas brancas
que não faz nada, senão te amar. (e chorar.)

Tenha pois sempre esta sorte
mas não venha esquecer
que és tu que dá cores aos losangos
E faz um branco marcado de preto sofrer.

(Poema feito depois de uma revolta feminista, -qqqq Para os machistas de plantão (: )

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Coliseu



Caravaggio deixa que
que o garoto respire.
Dentro de um ator,
Narciso existe, ainda que
atrás de uma máscara pesada.

Tamanha é a perfídia da
platéia,amarrada à sua falsa
Alethéia a rir-se
do tolo menino e apontarem
em seu amor, egoísmo.

Ora, mas todos na condição humana
Trazem aspirações utópicas
não seriam estes amores platônicos, então?
Há ainda dentro do coração
o desejo de estar no centro.

Portanto os olhos se esticam
e sofrem com a morte vista
como um castigo a enorme beleza
jamais tão bem quista.
E o espetáculo acaba.

Que glorioso seria
que não houvesse hesitação,
nos que apenas assistem,
em estenderem a sua mão
e mergulhar em lagos fundos,
a buscar o que se deseja.

Teriam mérito em sua morte,
porque até a própria morte
teria que reconhecer
que foi por amor que tudo aconteceu.

sábado, 18 de setembro de 2010

Beatrice

Você é entre Branca de Neve e maçã encantada,
ou os lábios rubros não se destacariam em pele menos clara.
Se resolve ser princesa, não há infante que resista
Ou madrasta que insista em querer ser a mais bela.

Se resolve ser fruto então, é chamada "tentação"
E no meio do jardim, não há maior sedução.
Mas se decide ser deusa, e um sorriso então libera
Calam-se Afrodite e Hera
E só ouvem-se titãs a murmurarem
às fadas e os elfos
Que veio d'outra galáxia tamanho sorriso sincero.


Para Beatriz, uma das minhas 13. ♥

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Crônica sobre Vida


As pegadas que deixamos quando andamos na areia da praia denunciam:
Somos mais responsáveis do que pensamos por umas marcas que ficam por aí.
As cartas são distribuídas sobre a mesa, os dados rolam e o jogo começa. Te ditam regras e de repente você percebe que tem cartas suas na mão do adversário, que a próxima rodada vai tirar um colega seu do jogo.É inevitável, tudo está ligado, é um palimpsesto em grande escala, uma teia tecida por uma aranha pra lá de inteligente.
E então vem uma onda e tira a sua marca da areia.Cogite a possibilidade de que a areia é maldosa e quis deixar o caminho livre,mas vai ver o mar só quis roubar uma lembrança sua pra ele,por amor.
Acontece que o caminho não é percorrido por você, apenas. Seja grato por quem te ama e te diverte nesse jogo, seja grato pelas moedas se o jogo for de plataforma. Tenha cuidado com prováveis "haddoukens" e golpes especiais, preserve sua rainha, arrisque seus cavalos, crie damas, marque gols. Adie o máximo que puder seu Game Over.Para isso, viva seu jogo, mas jogue com sua alma.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ironia

Avant Gard, do francês, atacar.
Termo que deu origem à palavra "Vanguarda",
significa aquilo que tá em alta, que tá na moda.

Se não fosse trágico, seria cômico. É.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sina



Suponha que eu jogue uma
pedra no lago e mude o
caminho de um peixe que naquele instante
passara por ali.
Estaria eu participando ou
atrapalhando o seu destino?

Cativeiro

Vou prender isso numa poesia.
Porque quero usá-la depois,
vou sequestrar essa palavra e
guardá-la por aqui nesse emaranhado
mesmo.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Boneca

Ela é daquelas bonecas que não gostam de prateleiras.
Que exibem os babados do vestido, faceira,
Nas ruas de cristal onde pisa.
Os olhos emuldurados de cílios pretos denunciam,
Ma-lycia.
Sapatos de boneca, a ela não convém,
Que venham as sapatilhas para elevarem o que ela tem.
No fim do dia todo, os anjos correm para assistir
à boneca incansável que luta para não dormir.
E tocam suas harpas e fazem-na sorrir.
A levam para um mundo onde o sonho é a verdade.
E esta criança não poderia viver em outra realidade.


Para Lycia Gama.
Uma das minhas Treze, ♥ à pedidos.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

M&nSAG3M CR!PTOGRAFAD@

Leia nos meus olhos querida, se puder,
descubra uma letra do seu nome no meu DNA,
vá, descodifique o código guardado -há- um -tempo- e
quando ler isto, finja que já não sabia -há -tempo- disso.
"gostando mais de você".






P
ara Adelson e Juli,
escritor e atriz de suas histórias.
Respectivamente, ér.

Estrela Cadente

Meu desejo é que você demore mais um pouco,
Que não tenha medo de ter seu brilho roubado
E portanto não fuja assim do meu céu.
Porque de muitas estrelas, é você quem eu amo.
Porque enquanto elas ficam estáticas,você dança
no meu céu, e brinca de pique-esconde mudando de lugar.
Mas me deixe te encontrar!
Não vou reclamar os pedidos nunca atendidos,
Nem vou te assustar a pedir mais outra coisa...
Quero apenas ver seu brilho por mais alguns segundos
e prender você a mim.

Mas esta outra parte, ah, eu vou deixar você escolher.
Leia os meus poemas e decida se eles te fazem feliz,
Ouça a minha voz a sussurrar desejos e decida você
se quer ou não vir comigo.

sábado, 21 de agosto de 2010

Treze.

Independente de mover-se ao som da música ou pisar nas cores certas,
o que importa é a frequência do coração.
Que nos assustemos com contos de terror ou que morramos de rir com comédias sem graça. A graça é a dádiva de estarmos juntas,
de atrapalhar o sono das outras e fazer cócegas e provocar sorrisos ou deixar que eles sejam involuntários mesmo.

É coisa de amiga, coisa que só amiga entende.
É um amor diferente, é amizade. {:

terça-feira, 17 de agosto de 2010

À flor da pele


A poesia faz a gente parar pra ver o vôo das abelhas. Faz sair uma água salgada do olho e desaguar no oceano...Faz elevar a potência de todas as emoções.
A poesia revela máscaras e atiça a curiosidade pra ver além delas. Sinceramente, a poesia castiga, faz doer. Eu já quis parar de escrever poesia, mas é que ela se escondeu em algum lugar em mim que não sei onde fica.
Vai ver a poesia é a causa de todas as paixões escravas, que não querem e não vivem sem. Porque é isso que a poesia faz.

Sinestesia

A flor estava triste.
Viu primeiro o gosto da água
Depois ouviu os raios do sol morno.
E aí, parou de ver.Parou de ouvir.Só pra sentir.
Sobre sua cabeça um desfile de cristal,
a magia de cores a encherem seus olhos vazios.
Eram sete as astutas malvadas a desfilarem seu beijo doce e cáustico,
escondendo no final da passarela dois potes de ouro.
E foram embora logo mais, porque mais uma delonga e o encanto acabaria.
E o céu tornou a ficar cinza, o contrário das cores.
E já era tarde quando a flor percebeu que cores como aquelas não gostam de ser sentidas,sequer entendidas!
Querem apenas ser ouvidas, cheiradas e vistas.
E a flor tornou a ficar triste.

sábado, 7 de agosto de 2010



...Até porque eu não sou dramática. Eu só falo a verdade! Se soa dramático é porque as minhas verdades são intensas demais.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Psicose


Escrever é surtar.
É piscar os olhos e montar um verso.
É olhar uma nuvem e inventar uma história pra ela,
É passar os dedos na areia da praia e acreditar que
aquilo é um nome.
As palavras são ruas, poemas cidades lotadas de rostos cobertos.
Os rostos são o que o poeta sente e estão cobertos porque obviamente,
tentam esconder-se.
Mas é que as ruas estão cheia de rostos iguais aos dele,
estão cheia dos rostos dele,
é inútil.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Segredo

Depois dos mares, as pedras,
sob o céu azulado e pintado de nuvens brancas
lá está o tesouro que você sempre procurou.

É minúscula, eu sei mas leve-a ao seu ouvido
e ouça o som do infinito...
Compare esta concha então,
a uma parte do meu coração.

Um lugar reservado a você
minúsculo, enorme. Encoste seus ouvidos e ouça
as batidas denunciam que isto (que é segredo)
é imensurável, é uma pérola.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ás de copas.

Um ponto rubro descansa numa cama branca.
Ás de copas.
Porque nem tudo é o que parece,
nem sempre a rainha manda na carta.

sábado, 17 de julho de 2010

Ela é feita de música, ela é feito música

Eu procurei nas nuvens uma gota sequer que me fizesse entender,
que me explicasse onde eu devia encontrar você.
Talvez as esmeraldas pudessem responder,
já que o verde dos olhos rasos elas vieram a lhe conceder.

Mas fora inútil, e visitar os anjos eu fui pra que pudessem me consolar.
Enquanto eles dançavam os dedos nas cordas das harpas,
sorri e ouvi sua voz familiar...

Do...cemente você surgiu, dentre as notas de uma canção, Re...velando uma amizade sincera, se alojou em um coração.
Mi...to ou lenda, não sei o que você é, mas é ...cil entender que poucas amigas existem como você.
Como raios de Sol frequentes nas minhas manhãs, estará você, sempre, Si...bilando ao vento 13 notas de amizade.

Para Ana Flávia,uma das minhas 13. SOMENTE, haha ♥

Ampulheta.




É preciso ousadia pra fazer o último grão da ampulheta virar o primeiro de um novo ciclo da mesma.
Aprender com os erros é para quem tem astúcia. Fazer dos erros a chave para uma porta de sucessivos acertos, é para quem tem mente forte.

segunda-feira, 12 de julho de 2010




O Infinito não pode ser tão grande. Ele precisa caber no seu coração.
(Mayara)

Ginge

Pare de provocar esses tic-tacs no meu relógio
E de atritar as coisas perto de mim.

Pare de me fazer sentir ojeriza
E de apertar os olhos quando você faz isso.

Pare de me provocar esses arrepios involuntários
E desse modo, de me fazer sentir raiva de mim.

Pare de ser você,
Quem sabe eu não fico sã.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Amores que tendem ao infinito


"Que seja eterno enquanto dure"
, já dizia o poeta.
Não trago dores pra torcer pelo fim.
Não trago amores pra querer adiá-lo,
mas algumas flores obrigam-me a crer
que o tempo é astuto demais que eu devia odiá-lo.

"Vamos fugir deste lugar, baby! Vamos fugir..."

O tempo é um adulto frustrado
que quando criança fora aprisionado
em um pequeno objeto que o escravizou.
E hoje já a milhares avassalou !


"Temos todo o tempo do mundo,pois somos jovens, tão jovens..."

Quanta raiva ele tem agora
dos sonhos que conseguem fugir do seu domínio,
e nada mais é que um sonho, o meu amor,
porque este tende ao infinito.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Era uma vez


Alguns livros sendo lidos por garotas sozinhas.
Algumas notas sendo cantadas por uma doce voz, mas com ouvidos negligentes à ela.
Algumas perspectivas vistas por trás de olhos verdes astutos.
Alguma enorme beleza e delicadeza emporcelanada em uma boneca humana.


Era uma vez o silêncio observador e algumas meninas extrovertidas sem diversão.
Era uma vez o contraste de lábios vermelhos em pele branquíssima por trás de um pseudônimo.
Era uma vez o nacionalismo, o narcisismo, a organização e a inteligência invejáveis.
Era uma vez alguém que encontra satisfação ao ler e comer diferente dos outros.
Era uma vez sapatilhas de ponta a elevarem o sentimento de amor.

Num castelo, uma voz enclausurada dizia palavras em italiano que eram repetidas em inglês e cogitadas em espanhol.
Num castelo, o conhecimento atravessava as paredes de pedra e invocava outros cérebros à discussão.
Num castelo, as amigas desconhecidas e alheias ao que estava por vir compartilhavam da mesma sensação de "eu não pertenço a este lugar."

As princesas romperam as paredes de pedra, os muros e as estradas e sorriram ao questionar : "espelho, espelho meu, há alguém mais interessante do que eu?"
E fundiram-se em uma poção mágica preparada em um caldeirão completamente diferente, que mais parecia uma cápsula do tempo e, por fim, promoveram aos espectadores total encanto e confusão diante de uma combinação totalmente eclética e sedutora.

Era uma vez algumas mãos unidas a uma única a escreverem um conto de fadas.

(Texto para as minhas queridas amigas. ♥ Eu amo vocês.)

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Identidade




As pessoas são o que elas seguem. Os atos e comportamentos nada mais são do que reflexos desse fato. Mas se tem uma coisa que me assusta é o parâmetro estabelecido pelos adolescentes de hoje (estou me sentindo um pouquinho marginalizada,rs) para definir o que é ou não interessante.
Há uma linha tênue entre apologia e admiração. Não vejo mal em promover o que se admira mas que o faça de forma saudável e que o que se admira seja no mínimo plausível.
Os jovens precisam reformular seus conceitos. Precisam definir o que gostam ou não e precisam argumentar diante dessa decisão, seja qual for o assunto.
"O que você tá lendo?" "Não gosto disso." "Porque não gosto."
O que diferencia pessoas inteligentes das demais é a capacidade de argumentar.
Prefiro ter personalidade instável, aberta a mudanças de opinião. Particularmente,acredito que isso é completamente diferente de ser vulnerável.
Seja ouvindo,lendo,conversando ou observando, influências são necessárias, mas cabe a nós filtrá-las e adaptá-las a algo totalmente pessoal : à personalidade.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Metalinguagem.

Não é novidade que virei fã de Fernando Pessoa.Particularmente, Alberto Caeiro é a melhor de suas faces mas Álvaro Campos prende minha atenção tal qual o outro. No fim é mesmo Fernando Pessoa quem encanta-me.
Aprendi a ler aos 4 anos mas não sei quando aprendi a escrever.
Quando li, fui apresentada à porta que me leva aonde eu quiser.
Quando escrevi, ah, fui levada à porta que me leva aonde eu nunca imaginei que poderia ir...até a mim.

Eu não podia deixar de colar Fernando Pessoa aqui, não é? Então aí vai...



"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.

Fernando Pessoa"

domingo, 23 de maio de 2010

Eros e Psique

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

Fernando Pessoa




(Para minha querida amiga Beatrice)

sábado, 8 de maio de 2010

(...)



"Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico p. da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem." (Lya Luft)

Pois é! ouvi uma crítica pesada à escritoras e coincidentemente,dias depois, li esse trecho da Lya Luft que confesso que me deixou um pouco mais feminista. Leio e sou fã de muitos homens mas acabei de deixar José de Alencar na estante para ler Lispector. Por um tempo,só por egoísmo, por rebeldia, rs. Esse post não é de revolta até porque não me considero escritora, amadora talvez.

(O parágrafo significa 5 minutos pensando depois do último ponto)

Então... não sei nem porque escrevi isto mas...eis aí uma coisa que me faz rir.



sexta-feira, 7 de maio de 2010

Enjambements (Mayara M.)


E se eu viver um dia em
dois capítulos? Ou outros
capítulos mais, ainda?
Ninguém precisaria
entendê-los desde que eu o
fizesse como ninguém.

terça-feira, 9 de março de 2010

Palimpsesto.


Minha vida não é lá muito longa mas diante da minha enorme criatividade, rs, posso assegurar que passei por algumas fases.
Às vezes, a nostalgia é inevitável mas então coloco as lembranças contra a luz e vejo que em lugar de algumas coisas que eu pensara ter apagado, existem marcas ainda que me deixam reviver ou me servem de aviso pra coisas que ainda hão de vir a acontecer comigo.

Mas nesse palimpsesto, o que realmente me encanta são as pessoas. As impressões digitais, as assinaturas, as marcas d'água, os fenótipos, a particularidade... enfim! As pessoas! Gente que me fez bem e que me mostrou coisas incríveis. Pessoas que me mostraram as antínteses e paradoxos desse mundo e que me protegeram de situações tensas. E até mesmo as pessoas que me expuseram sem piedade a perigos tensos e conflitos e que desse modo, me fizeram aprender mais sobre possíveis adversários.

Não só a quem perdurou por mais de uma fase mas também àquelas pessoas que apareceram em momentos efêmeros, eu agradeço por toda a ajuda que me deram e continuam dando nessa minha tentativa de ser eu,nesse meu jogo de Tetris onde ainda busco "me montar".

segunda-feira, 8 de março de 2010

"Não era mais uma menina segurando um livro.Era uma mulher com seu amante."(Clarice Lispector)

Tratava-se de uma menina muito, mas muito poderosa. E ele? ah! ele era o poder em pessoa. E era em tamanha quantidade que convertia ódio em amor e amizades em rancor! Apaziguava brigas ora tensas, ora vãs e até fazia casamentos entre deuses e titãs (para beatrice,rs) .

Ela chorava se em alguma parte ele a fizesse sentir tristeza, mas sorria sempre ansiosa ao abri-lo, '-' mas logo a magia acabava e ela o trocava por outro amante, e ele ficava num canto parado e nostálgico. Daí então, logo vinha outra menina para viver a mesma aventura. E a magia surgia novamente, sempre. (Mayara Melo.)

sábado, 6 de março de 2010

Influência.


Certa vez, um personagem da série House disse : "A vida é uma sucessão de fatos, acontecimentos que se desenrolam em determinados momentos únicos. Os momentos se assemelham à quartos de hospitais onde o médico influencia a gente simplesmente porque ele tá no quarto."
Não muito diferente da reação que tive ao ouvir isso, foi a reação que tive ao ouvir um grande professor que, para a minha honra,esteve num dos meus quartos de hospital : Tainan Costa, vulgo LC Canário, dizer "seus ídolos devem estar perto de você" e foi quando uma citação sobre "colher nozes" me fez elevar a admiração que eu já sentira a níveis altíssimos, a níveis que me deixam falar sem hesitar que eu tenho ídolos próximos a mim.
Diante de tudo isso,pude ler com prazer as palavras escritas por esse que para mim é um mártire e pode parecer até esquisito mas o poder que as palavras (de um modo geral) exercem sobre mim é tão grande que eu poderia viver a minha vida a colher nozes. O primeiro post por aqui sem sombra de dúvidas é dedicado ao Canário que domina essa arte tão bem e que dessa forma, consegue ser ídolo de tantos simplesmente porque está perto, já que mesmo não estando numa sala de aula, consegue chegar em lugares desconhecidos através de suas poesias que se aventuram na mente de seus alunos.



(Ah! nem vem com essa que eu tô puxando o saco porque você admiraria esse prof. da mesma forma se tivesse aulas com ele . E nada mais justo que o post inaugural desse blog fizesse referência ao título do blog e de como eu aprendi isso. Só espero que ele não leia isso, morreria de vergonha porque perto dele eu sou uma acéfala analfabeta. -Q )