quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Passarelas
Em algum canto do mundo,
deve se ouvir o canto de um pássaro
que encanta na solidão onde mora...
Que bate as asas tristes e enamora
borboletas, e sem nenhuma beleza
tem graça além da beleza da aurora.
Mas se o sonho acaba quando o dia mente,
diamantes compram meias verdades
Porque estas meias de lã aquecem-me os pés
nas chuvas que enluvam-me as mãos
se caso quiser escrever sobre o acaso que
entra pela janela junto com as minhas manhãs.
E vou levando a vida
equilibrando passos em vagões de trens, ladrilhos e notas de sino
Quando minha sina nada mais é
que quebrar a cabeça com certos trocatrilhos.
domingo, 16 de janeiro de 2011
Hipérboles
Quando eu choro uma tempestade
os mil minutos da minha hora
desembaçam-me os olhos para que entenda por fim
que as nuvens nunca foram de algodão.
Chego a morrer de raiva quando
elas desfilam hostis no céu que pertence a mim
colocando-se entre meus olhos e minhas estrelas.
Malvadas nuvens que são! levam-me em pensamento
até que o preguiçoso vento decida
castigá-las.
Então encontram-se as nossas águas
no meu choro de chuva e preciso reconhecer
que já experimentei milhões de vezes
repudiar loucamente pessoas dramáticas.
Mas antes das nuvens, devo admitir
que nunca conheci um alguém mais dramático que
eu mesma!
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
IL FAUT (É necessário)
É necessário que se esteja disposto a viver:
Sorrir,chorar, e é claro, esquecer.
Pois convém que a alegria se faça em uma lembrança.
É necessário deitar-se em algum lugar verde
e procurar estrelas familiares no céu noturno,
chamá-las por nomes que só você conhece.
É necessário molhar o rosto com pingos de chuva,
conversar com os avós, montar um quebra-cabeças
e ouvir uma música.
É necessário fazer uma prece, acreditar, e não
deixar que nada leve embora a sua fé.
Porque ao acordar por esses dias,
se faz necessário crer acima de tudo que viver
de verdade é possível,
ainda que se viva em versos de poesia.
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